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Blog literário criado em 29/08/2008, na cidade de Blumenau-SC.


25 de out. de 2012

Leilão de virgindade e outras celebridades


Hoje, encontrei duas notícias interessantes na Internet. Uma brasileira, mais especificamente uma catarinense, vai receber cerca de R$1.500.000,00 por sua virgindade. O feliz vencedor do leilão foi um investidor, acho que posso assim chamá-lo, japonês e o leilão foi promovido por um australiano. Para evitar problemas com a lei, o prêmio (a virgindade) será entregue em um voo internacional, entre a Australia e os Estados Unidos. Seria isso uma amostra de que vem a ser a tal da globalização? De qualquer forma, a mãe da jovem garante que ela não vai fazer por dinheiro. Eu apoio a jovem, e tenho certeza de que ela tem uma boa causa, mas eu gostaria de meter o meu pitaco (sem trocadilhos, por favor): que tal pela paz mundial? Quem poderia ser contra a paz mundial? Tenho certeza de que o mundo inteiro a apoiaria.
A outra notícia falava da moça que ficou conhecida como “Furacão da CPI” por ter tido um vídeo de sexo vazado, na internet, durante a CPI. Pois é, a tal moça está cobrando R$5.000,00 como presença VIP em eventos. Legal, muito legal, também a apoio. Eu fiquei imaginando qual o tipo de evento em que a moça VIP poderia aparecer para fazer jus ao seu tão suado dinheirinho. Que tal o aniversário de 100 anos da Oma, ou melhor do Opa? Acho que não. Poderia ser no anúncio oficial do projeto para a construção da fábrica da BMW em Santa Catarina? O estado poderia pagar a moça com verba pública, que tal? Também não é uma boa ideia, poderia acabar em CPI. 
Não sou muito bom de imaginação, mas creio que a moça VIP vai encontrar, ou melhor seus assessores (sim, ela já tem sua equipe), irão encontrar um evento para uma VIP da categoria dela participar.
Tá certo, eu não desisto, vou tentar mais uma. Que tal uma festa para celebrar a perda da virgindade? Isso mesmo, quem vai ganhar R$1.500.000,00 pode muito bem pagar R$5.000,00 (é só um “troquinho” nesse mundo de celebridades instantâneas) e ajudar a economia de nosso país. Afinal, não seria um capital especulativo e volátil, ou volúvel, como queiram. Pra quem não entende de economia eu explico, capital especulativo é desses que entram e saem sem muito compromisso. Seria um investimento em um dos setores que mais crescem na nossa economia, o entretenimento. Por falar em celebridades, diz a lenda que Andy Worhol profetizou que todos teriam os seus 15 minutos de fama. Se tivesse vivido, para presenciar nossa atualidade, tenho certeza de que teria sido ele a complementar: todos terão seus 15 minutos de fama, na cama!
Paulo Roberto Bornhofen

1 de dez. de 2011

Gastronomia - No BOX 32

Tive a satisfação de participar, pela segunda vez, do Programa de Gastronomia BOX 32, comandado por Beto Barreiros, que é proprietário do famoso BOX 32, do Mercado Público de Florianópolis.

Na ocasião, preparei um Tender recheado com chutney de manga.

Acompanhe a receite e preparo um delicioso prato para o natal. Clique aqui para assistir o vídeo do programa.

Tender recheado com chutney de manga


Ingredientes
1 manga
1 tender bolinha, ou outro embutido
¼ de cebola
½ dente de alho
160 ml de vinagre de cidra
80 g de açúcar mascavo
30 g de uvas passas
1 canela em pau pequena
¼ de colher de chá de curry
Mostarda em grãos a gosto
20 ml de suco de limão
Gengibre fresco ralado a gosto
Sal a gosto

Preparo
Corte a manga em cubos grandes e pique a cebola e o alho. Misture a manga, a cebola, o alho, o vinagre e o açúcar e cozinhe até o açúcar dissolver. Adicione as uvas passas, o gengibre, o sal, a mostarda, a pimenta em flocos e as especiarias. Cozinhe em fogo lento até a manga ficar bem macia. Misture o suco de limão e ajuste os temperos. Retire do fogo e esfrie. Fatie o tender (cerca de 8 fatias de 0,5 cm de espessura cada). Intercale uma fatia de tender com o chutney de manga e leve para assar. Prenda as fatias do tender com dois palitos grandes, do tipo para espetinho. Decore com frutas e sirva.




Fotos: gentileza Beto Barreiros

7 de set. de 2011

CONVITE

CONVITE PARA O LANÇAMENTO DO PRIMEIRO VOLUME DA ANTOLOGIA DA ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL POETAS DEL MUNDO

OS POETAS:

BAHIA: Marcelo Gregório Sá Da Silva - Marcelo Portuária; Lucia Laborda; Maria Julia Guerra e Valdeck Almeida de Jesus;

CEARÁ: Maria de Fátima Lemos Pereira Cândido e Sonia Nogueira

ESPIRITO SANTO: Maria Neuza de Oliveira e Sonia Maria - Baby;

GOIÁS: Adelice da Silveira Barros

MATO GROSSO DO SUL: Nelson Vieira, Keila Matioli e Aida Domingos;

MARANHÃO: Dilercy (Aragão) Adler

MINAS GERAIS: José Hilton Rosa; Carlos Lucio Gontijo; Tatiany Pinheiro de Araújo; Célia Lamounier de Araújo; Ana Cristina dos Reis Cruz; Paulo José de Oliveira; Silvia Araujo Mota; Dirceu Thomaz Rabelo e Irineu Baroni;

PARAIBA: José Rodrigues Carneiro;

PARANÁ: Rosângela Jacinto da Silva; Dária Farions e Roseles Bittencourt;

PERNAMBUCO: Luiza Soares Benício de Moraes; Rosane Uchoa Carneiro Netto Lopes; Severina Melo (pseudônimo: ( Ina); Graça Graúna; Luciene Silva e Esther Rogessi;

RIO DE JANEIRO: Manoel Virgílio Pimentel Côrtes; Leda Lucia Marques Pimentel Côrtes; Andrea Lucia Barreto Guarçoni; Marineves Rodrigues; Celi Luz; Mel Racional; Marisa Rosa Cabral Ferreira; Celma Lavaquial Capeche; Maria do Perpétuo Socorro de Lima Lopes; Edson Carvalho De Luna Freire; Telma Lopes Moreira Paternoster; Rozelene Furtado de Lima; Luiz Poeta; Carlos Magno e Laura Miranda;

RIO GRANDE DO NORTE: Janilson Dias de Oliveira e Lúcia Helena Pereira;

RIO GRANDE DO SUL: Isabel Cristina Silva Vargas; Véra Lúcia de Campos Maggioni; Mardilê Friedrich Fabre; Ilda Maria Costa Brasil; Alcione Sortica; Alba Albarella e Maria Clara Segobia

SÃO PAULO: Rita Velosa; Aparecido Donizetti Hernandez; Silvia Ferreira Lima; Irene Zanette de Castañeda; Hazel de Souza Francisco; Maria Penha da Luz Meira de Castro - Penhah Castro; Osvaldo Junior Pansera Waczuk; Helena Armond e Regina Reis;

SANTA CATARINA: Ari Santos de Campos e PAULO ROBERTO BORNHOFEN
e
João Pereira Correia Furtado de PRAIA - REPUBLICA DE CABO VERDE

CONVIDAM


10 de fev. de 2011

Nova família, novos mercados *

Casais sem filhos que trabalham já são 8% das famílias brasileiras e chegarão a 12% em 2020. Com mais renda e tempo livre, despontam como nova força econômica

Raquel Salgado


CONSUMIDORES PODEROSOS
Juntos, Paulo e Taísa Bornhofen ganham R$ 20 mil por mês. Sem filhos, gastam boa parte desse dinheiro em viagens e cursos. Já existem no Brasil 4,4 milhões de casais como eles que, em média, têm renda 26% superior à de famílias com filhos.


Os catarinenses Taísa e Paulo Bornhofen já sabem onde estarão em abril e em dezembro deste ano. No outono, o destino serão as águas azuis do Caribe. Oito meses depois, deixarão o verão brasileiro para, junto com os pais de Taísa, encarar o frio europeu e bater pernas na Itália. As duas viagens vão aumentar o número de carimbos nos passaportes do casal, que já conhece dez países e viaja duas vezes por ano ao exterior. Não é fácil manter uma rotina internacional como essa por duas razões: tempo e dinheiro, não necessariamente nesta ordem. Para o casal Bornhofen, no entanto, essas variáveis estão sob controle. Taísa, de 40 anos, e Paulo, de 47, trabalham. Juntos, têm renda mensal de R$ 20 mil, dividida apenas entre os dois, já que optaram por não ter filhos. Eles são o que os americanos apelidaram de dinks, sigla para double income no kids (renda dupla, sem crianças), um modelo contemporâneo de família que começa a se tornar estatisticamente relevante no Brasil.

De 2003 para cá, esse foi o grupo que mais cresceu no país. Eram apenas 2,6 milhões de casais. Agora, são 4,4 milhões – um aumento de 70%. Nos mesmos sete anos, o número total de famílias aumentou bem menos: 20%. Hoje, 8% dos lares brasileiros são habitados apenas por casais com menos de 64 anos, nos quais os dois cônjuges trabalham. Não há crianças, seja porque homem e mulher decidiram não ser pais, seja porque seus filhos já são independentes e saíram de casa. A projeção é de que, em 2020, os dinks cheguem a 12% do total das famílias.

Mais do que mera curiosidade estatística, a proliferação de casais sem filhos é uma tendência demográfica com implicações relevantes para o mercado de consumo. No Brasil, os dinks têm renda 22% superior à média das famílias em geral e 26% maior do que a das famílias com filhos em que o pai e a mãe trabalham. Nos lares com filhos nos quais apenas um dos cônjuges está empregado, a renda média é nada menos que 43% menor. Um levantamento feito para Época NEGÓCIOS pela Cognatis, uma consultoria de geomarketing, revela que 58,5% dos dinks concentram-se na classe C. Outros 16% estão entre as classes A e B. Os 25,5% restantes dividem-se entre os segmentos D e E.

A folga orçamentária desses casais não é nada desprezível. Para criar um filho até os 23 anos, considerando todas as despesas com escola, faculdade, médicos, roupas e entretenimento, Taísa e Paulo, um casal de classe A, não desembolsariam menos de R$ 1,84 milhão, segundo cálculos do Instituto Nacional de Vendas e Trade Marketing (Invent). Mesmo um casal com renda modesta, de classe D, que só tenha gastos com alimentação, roupas e lazer, hoje não cria um filho sem investir pelo menos R$ 78 mil. “Se fôssemos pais, com certeza não levaríamos a vida que temos hoje. Uma parte significativa dos nossos gastos seria deslocada para as crianças”, diz Taísa.

Além de viajar, ela, que é formada em administração de empresas e atua como gerente de e-commerce de uma rede varejista, destina boa parte de sua renda à própria educação. Já fez um MBA e, apesar de se virar bem em inglês, frequenta uma escola de línguas duas vezes por semana. Seu marido, oficial da Polícia Militar, já tem um mestrado e duas especializações. O orçamento também é comprometido com outras formas de lazer. Ela faz pilates. Ele prefere cursos de gastronomia. Voam com frequência de Blumenau, onde moram, a São Paulo, para conferir as estreias do teatro e jantar em bons restaurantes.

AS BRASILEIRAS JÁ SÃO 49,7% DA FORÇA DE TRABALHO. ERAM 29% HÁ
40 ANOS. CARREIRA, HOJE, TAMBÉM É PRIORIDADE PARA ELAS

MUDANÇA ESTRUTURAL

A multiplicação desse formato de casal coincide com (e colabora para) a perda relativa de importância da família considerada padrão até pouco tempo atrás: um casal com pelo menos dois filhos, em que o pai trabalha fora, enquanto a mãe se dedica aos cuidados com a casa e as crianças. A quantidade de brasileiros que se encaixam nesse perfil diminuiu 20% nos últimos sete anos. Foi o arranjo familiar que mais perdeu espaço no país nesse período, caindo de 12,6% em 2003 a 8,4% no fim de 2010. A projeção feita pela Cognatis com dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE aponta que elas serão apenas 3,4% da sociedade em 2020.

Essa transformação é fruto de um longo processo de mudança do papel da mulher na sociedade e tem suas raízes na década de 60. Os movimentos feministas e de liberação sexual colocaram na cabeça das mulheres a ideia de que não precisavam levar uma vida voltada exclusivamente para os filhos e o marido. Elas começaram a participar mais do mercado de trabalho, e o desejo de uma carreira bem-sucedida passou a ocupar, para muitas, o mesmo patamar dos filhos na lista dos sonhos femininos. Ao mesmo tempo, a geração que foi criança ou adolescente nessa década, a dos baby boomers, deu início a uma intensa contestação dos modelos tradicionais de vida. “O ideal de família feliz deixou de ser aquele em que há pai, mãe e filhos. Houve uma busca incessante pela liberdade e pela felicidade individual”, afirma Laura Chiavone, presidente da Limo Inc, agência especializada em pesquisas de comportamento e movimentos sociais.

Alguns anos depois, já na década de 80, estava consolidada uma nova dinâmica familiar. Quem explica essa evolução é Cecília Russo, diretora do Grupo Troiano de Branding. O modelo do “ou” – a mulher trabalha ou cuida da casa – foi substituído pelo modelo do “e” – a mulher trabalha, faz as tarefas domésticas e ainda se dedica aos filhos. No Brasil, as mulheres já respondem por 49,7% da força de trabalho. Em meados da década de 70, somente 29% delas trabalhavam. Essa mudança teve impacto também na vida dos homens. Eles começaram a exercer funções antes restritas ao universo feminino. Paralelamente, as pessoas passaram a ficar menos tempo casadas e a ter mais de um casamento ao longo da vida. Isso também permite o aparecimento de casais que estão na segunda ou terceira união e já não têm mais filhos.

A partir do início do século 21, a diversificação dos tipos de família passa a ser ainda maior. Lares chefiados por mulheres e pais que criam seus filhos sem a ajuda das mães não são mais tão incomuns. E um outro movimento ganha força: o dos relacionamentos e casamentos homossexuais (ainda que não oficiais). Atualmente, estima-se que 10% dos brasileiros sejam gays.



LIVRES E NÔMADES

Márcia e Rogério levam uma vida parecida com a dos solteiros e são os únicos da família que ainda não têm filhos. Com maior flexibilidade, aproveitam para investir na carreira. Já se mudaram duas vezes de cidade por conta do trabalho

MOVIMENTO GLOBAL
Nos Estados Unidos, casais como Taís e Paulo também são conhecidos por childless ou childfree. O país observa a escalada dos dinks desde a década de 80. A ideia tradicional de família ainda está bastante arraigada na sociedade americana, mas mudanças importantes têm acontecido. Uma pesquisa conduzida pelo Pew Research Center em 2007 mostrou que apenas 41% dos americanos consideram filhos um fator muito importante para o sucesso de um casamento. Em 1990, 65% deles compartilhavam essa opinião. Também nesse caso, é preciso considerar as transformações no comportamento feminino. Hoje, 18% das mulheres americanas entre 40 e 44 anos não têm filhos. Vinte anos antes, eram apenas 10%. O fato é que os Estados Unidos e a Europa avançaram mais rápido nesse campo. “Os dinks são comuns por lá há mais tempo porque esses países passaram pela explosão demográfica antes do Brasil e inseriram as mulheres no mercado de trabalho mais e melhor do que nós”, diz Romeo Busarello, professor do Insper especializado em marketing e diretor de relacionamento e internet da construtora Tecnisa.

Embora a expansão desse tipo de família seja relativamente recente no Brasil, ela tem ocorrido em todas as partes do país. Este é o grupo que mais cresceu nos últimos sete anos em quatro das cinco regiões brasileiras (veja quadro acima). O maior aumento se deu no Nordeste. A alta lá foi de 113%, e agora os dinks são 7% das famílias. Mas os estados do Sul são os que têm, proporcionalmente, a maior presença de casais sem filhos com ambos os cônjuges no mercado de trabalho: 13%. Apenas no Sudeste esse arranjo familiar não foi o que mais ganhou espaço. Seu avanço, de 51%, foi um pouco menor do que o das famílias apelidadas de “ninho vazio”, nas quais o casal tem mais de 65 anos e os filhos já saíram de casa. Esse tipo de lar cresceu 54%desde 2003, na região.

Todo este sobe e desce de diferentes grupos familiares teria pouca relevância para os negócios se não fosse pelo potencial de consumo dos dinks e pela transformação que começam a imprimir no mercado. Para início de conversa, seu poder de compra atual é de R$ 168 bilhões ao ano, um valor 30% superior ao das famílias tradicionais, aquelas com filhos e em que só um cônjuge trabalha. Como os casais sem filhos não gastam dinheiro com escola (R$ 1 mil por criança, em média, no país), pediatra (R$ 230 mensais) e compra de roupas, brinquedos ou passeios (R$ 370 a cada 30 dias), seus recursos seguem rumos diferentes. Perdem, naturalmente, as empresas focadas em bens e serviços para crianças e adolescentes. Ganham as que oferecem itens para tornar a vida desses casais mais fácil e confortável.

Entram no rol das beneficiadas, entre várias outras, as indústrias automotiva e eletroeletrônica, além da construção civil mais sofisticada. “É o melhor dos mundos. Esse consumidor tem mais renda disponível e quer investir em um imóvel mais caro”, diz Busarello, da Tecnisa. Hoje, entre 45% e 50% dos apartamentos de dois e três dormitórios da empresa são vendidos para casais sem filhos. Cerca de 30% ficam nas mãos de solteiros, e o restante com casais com filhos. A Tecnisa foi uma das primeiras empresas brasileiras a traçar estratégias específicas para os dinks. Chegou a ir além, quando, há sete anos, passou a apostar também nos casais homossexuais. Em 2008, último ano em que a construtora lançou imóveis desenhados para esse público, consumidores gays foram responsáveis por 12% das vendas.

QUASE SOLTEIROS

Quando se trata de novos modelos de família, a maior parte das empresas ainda está tateando em terreno desconhecido. É difícil encontrar quem tenha produtos e serviços sob medida para os casais sem filhos. O mais comum é que eles sejam colocados na mesma cesta dos solteiros. O que até faz sentido, uma vez que, em alguns momentos, os dinks agem mesmo como tal. A psicóloga Márcia Baena, de 38 anos, e seu marido, o músico Rogério Couto, de 43, raramente jantam juntos durante a semana. Ela chega cansada, depois de uma rotina de trabalho que não dura menos de 12 horas, e prepara um lanche ou descongela um prato pronto. Ele, que quase sempre chega mais tarde e “se vira melhor na cozinha”, prefere um jantar de verdade. Aos fins de semana, fazem programas de casado. Passeiam no Parque Ibirapuera – em São Paulo, onde moram –, vão ao cinema e a restaurantes.

Tanto ela quanto ele têm irmãos e são os únicos da família sem filhos. A decisão permitiu que Márcia se mudasse várias vezes por conta da profissão. Começou a carreira em Curitiba, passou por Itajaí, em Santa Catarina, e agora está em São Paulo. “A flexibilidade é grande. Como somos apenas eu e meu marido, podemos encarar riscos maiores, mudar de cidade, de emprego, sem grandes medos”, diz Márcia. Ela, contudo, não descarta a possibilidade de, mais para a frente, ter um filho.

Empresas como Pepsico, Whirlpool, Sadia e Mabe estão munidas de pesquisas que, quando analisadas com cuidado, evidenciam as mudanças de comportamento dos casais. Na década de 90, as mulheres passavam pelo menos uma hora do dia na cozinha. Hoje, ficam, em média, apenas 15 minutos. Um termômetro para reforçar essa tendência é o crescimento da procura por pratos prontos e congelados. Em volume, a venda desses produtos cresceu 25% em 2010. “É um número muito bom. Mostra como temos de falar com múltiplos lares”, diz Eduardo Bernstein, diretor de marketing da Sadia.

Ken Fujioka, diretor de planejamento da agência JWT Brasil, diz que, enquanto os dinks não forem um grupo muito grande dentro da sociedade, a melhor política para as empresas será mesmo juntar casais como Márcia e Rogério aos solteiros e, a partir daí, trabalhar ações específicas para um volume maior de consumidores com características particulares. A começar pela autoindulgência de quem, basicamente, compra produtos e serviços que reforçam sua autoestima e lhe dão prazer. “Essas pessoas tendem a ser mais individualistas, egoístas e a valorizar o que é personalizado”, afirma Fujioka.

EXIGENTE, ESSA NOVA FAMÍLIA TEM HÁBITOS DE CONSUMO SOFISTICADOS
E FAZ COM QUE AS EMPRESAS INVISTAM MAIS EM INOVAÇÃO

MAIOR RENDA E MAIS INOVAÇÃO

O avanço dessa nova configuração de família ocorre em todas as classes sociais, embora seja mais evidente naquelas com maior poder aquisitivo. “Os desejos não mudam muito de acordo com a classe social, então temos de ter produtos inovadores em todas as faixas de preço”, afirma Mauro Correia, diretor de marketing da Mabe, dona de marcas como Dako e GE. Esse é um dos mais formidáveis impactos da ascensão desse tipo de família no mundo dos negócios. Uma sociedade mais complexa demanda soluções elaboradas. É preciso segmentar a atuação. Embora isso implique em custos maiores, já que é preciso ampliar o portfólio em vez de massificar a produção, é também uma oportunidade para fazer o motor da inovação girar mais rapidamente. “Antes, pensávamos em desenvolver produtos, e o foco era a funcionalidade”, diz Daniela Cianciaruso, gerente-geral de marketing da Whirlpool. “Agora, pensamos em conceitos e em itens desejáveis.”

Além de ter um impacto direto na renda disponível para consumo e investimento, a maior presença dos dinks gera outra oportunidade para o desenvolvimento do país. Ao não ter filhos ou postergar esse plano, eles têm mais tempo e dinheiro para investir na própria qualificação. Podem estudar, consumir mais bens culturais e ampliar suas áreas de conhecimento. O simples adiamento da maternidade é um componente importante da mobilidade social. Quanto mais tempo um casal leva para ter filhos, maiores suas chances de subir na pirâmide social. “Duas pessoas de classe C que trabalham, ao se casarem, podem pular para a classe B, já que passam a ter duas fontes de renda e gastos divididos pela metade”, afirma Reinaldo Gregori, diretor-geral da Cognatis.

No longo prazo, porém, os dinks passarão a ser motivo de preocupação. Uma taxa menor de fecundidade significa que menos pessoas formarão a força de trabalho das próximas gerações. Ao mesmo tempo, a expectativa de vida dos brasileiros tem aumentado, o que nos tornará uma sociedade mais envelhecida num futuro não muito distante. Menos gente trabalhando e mais idosos formam uma combinação perigosa. Países europeus já enfrentam isso. Governos estimulam casais a ter filhos, mas a tarefa é complicada. Por ora, os mais bem-sucedidos são os países escandinavos que, em vez de vantagens financeiras, optaram por facilitar o dia a dia dos casais. Por exemplo, com uma licença-maternidade de um ano, que pode ser dividida entre o pai e a mãe. O Brasil ainda está longe desse cenário, que deve se tornar realidade por volta de 2050, mas convém se preparar. Um dia, Taísa e Paulo, Márcia e Rogério, e outros milhões de dinks vão se aposentar.



Um país menos pobre
Estados do Sul e Sudeste impulsionam o movimento de redução da pobreza

Nos últimos anos muito se falou sobre o crescimento chinês da região Nordeste do país, impulsionado pelos sucessivos aumentos no salário mínimo e pela maior inserção dos programas de transferência de renda, como o Bolsa Família. Apesar do avanço econômico e social nesses estados, o levantamento feito pela Cognatis revela, porém, que entre 2003 e 2009 foram o Sul e Sudeste as regiões que mais contribuíram para a redução da pobreza no país.
A proporção de famílias de classe DE no Sul se reduziu em 15%. No Sudeste, a queda foi de 7,25%. São valores bem superiores à média nacional, onde o recuo do número de pessoas nas classes DE foi de 1,7%.

Já no Nordeste, houve aumento de 2,8% nas famílias de classe D e E. Mas foi nessa região também que as classes AB e C tiveram a maior expansão, 66% e 61%, respectivamente. Há duas hipóteses para explicar tais movimentos. Uma delas é o retorno de nordestinos que moravam no Sul e no Sudeste para seus estados natais. A outra é que, apesar do dinamismo econômico recente, o Nordeste tem, proporcionalmente, muito mais famílias pobres que outras regiões. Natural, então, que a redução da pobreza ocorra em ritmo mais lento.

Matéria publicada na revista Época Negócios de fevereiro de 2011.

Fonte:http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,,ERT206973-16642,00.html em 09/02/2011

Entrevista da Taisa para o Google

28 de jan. de 2011

E-book, um aliado

O surgimento do e-book ampliou os horizontes para os escritores. Antes visto com ressalvas, tornou-se um aliado. Optei, exclusivamente, pela edição eletrônica de meu último livro, Epicentro de uma tragédia, por duas características importantes que o e-book pode apresentar: a gratuidade e a facilidade de acesso. Ao publicá-lo, de forma gratuita, na internet, pretendi que o maior número possível de leitores tivesse acesso. Este livro era um projeto não comercial, seu objetivo é apenas o de registrar algumas das ações envolvendo policiais militares durante a catástrofe de novembro de 2008. O e-book foi fundamental para que meus objetivos fossem alcançados. Entendo que, mesmo em projetos comerciais, o e-book é um formato que não pode mais deixar de ser explorado.

PAULO ROBERTO BORNHOFEN, ESCRITOR BLUMENAUENSE

Caros leitores,

O texto acima foi publicado no Jornal de Santa Catarina, na edição de 27/01/2011, Caderno de Lazer.
Fonte:http://www.clicrbs.com.br/jsc/sc/impressa/4,1124,3188430,16379 em 28/01/2011.

30 de out. de 2010

Eu e o javali – o duelo *

Dizem os especialistas que nossos medos são heranças de nossos ancestrais. Coisas do tempo em que para garantir nossa sobrevivência, entrávamos em luta contra nossas presas.

Tudo bem, o tempo passou e o homem firmou sua posição no topo da cadeia alimentar. Não precisamos mais nos aventurar na natureza, tudo está embalado no supermercado. É só pegar e pagar.

Porém, somos eternos insatisfeitos e buscamos um aprimoramento constante, o que me levou ao curso de gastronomia. Não emprego mais minhas energias na caçada, mas sim na arte de melhor preparar a besta.

Tudo ia bem, até que um dia (sempre tem o tal do dia) fui encarregado de acompanhar uma chefa (chef) de renome nacional em um evento gastronômico. Por acompanhamento, entenda-se o serviço pesado. Tudo era alegria, creio que era semelhante ao que acontecia na época do Renascimento, quando aos aprendizes era dado o direito de acompanhar um dos grandes mestres, alguém como um Michelangelo, entenderam?

A ficha ainda não tinha caído. Eu não estava conseguindo ler os sinais, algo terrível estava por vir, representado por uma besta-fera, o javali. Ao chegarmos à cozinha, minha mestra gentilmente apontou-me para algo disforme dentro de um recipiente e disse: “preciso dele cortado em cubos de 2 cm”.

Paramentei-me, adequadamente, com o jaleco de chef, avental transpassado e lenço (bem ao estilo pirata). Abri meu estojo e retirei as facas. Não, eu ainda não conseguia ler os sinais. Estava totalmente cego. Com a firmeza de um guerreiro, decidido que estava, lancei-me na direção do meu objetivo e agora sim, a ficha caiu, violentamente. Era um pernil de javali. Inteiro e imponente pernil de javali esperando para ser reduzido a cubos de 2 cm. Antes, porém, era preciso desossá-lo (dentro da técnica). Agora sim, o drama estava materializado.

Eu, que até aquele momento havia desossado apenas e tão somente uma insignificante cocha de galinha, me vi diante do maior de todos os desafios. Ouvia, na minha mente, o texto de abertura da série de TV “Jornada nas estrelas”: “indo audaciosamente aonde nenhum homem jamais esteve”. Esse era o tamanho do desafio que tinha pela frente.

Para minha sorte, o pernil não tinha vida, mesmo assim, tenho que admitir, levei uma surra.

Só que a vitória final foi minha. Reduzi aquele antes imponente pernil de javali a ridículos cubos de carne de 2 cm. Vencido este obstáculo, que fiz de tudo para que a mestra não percebesse minha total falta de habilidade, levantei a cabeça, enchi o peito e com a sutileza de uma horda de javalis em deslocamento, fiz-me ser notado. O “gran finale” se aproximava, bastava transferir os irrelevantes cubos de carne para o recipiente em que seriam temperados e minha missão estaria brilhantemente concluída.

Moleza, para quem já havia feito a parte mais difícil, pensei eu. Mas, eis que o verdadeiro desastre se concretizou. Juro, caro leitor, que aqueles cubos ganharam vida própria, com alguns deles saltando diretamente para o chão, quase atingindo os pés de minha mestra. Não sei dizer ao certo quantos deles, pois sumiram em desabalada carreira. Os mais atrevidos, antes de sumirem por debaixo das bancadas, viraram-se para mim e, tal qual crianças mal educadas, fizeram mesuras, mostrando-me a língua, antes de sumirem por debaixo das bancadas.

Agora, os seguranças estão se recusando a estender suas rondas aos domínios do laboratório de gastronomia da faculdade, pois dizem que é possível ouvir, em certas noites, o som furioso dos javalis em busca de vingança.

Paulo Roberto Bornhofen

* Texto publicado no site Temperando a Vida com Ana Toscano da Escola de Gastronomia de Brasília.

13 de set. de 2010

Índios no cinema

Quando era criança vivia com uma turma da vizinhança, todos filhos de operários. Como meu pai era Sargento da PM considero-me, também, filho de operário. Em toda boa turma que se preze, os menores sempre ouvem os mais velhos, na minha era assim, e eu era dos mais novos.

Durante as reuniões os assuntos eram os mais variados possíveis. Como naqueles idos a televisão estava começando a invadir os lares, volta e meia o assunto girava em torno de algo que aparecera na TV. Os filmes, os filmes eram o grande assunto, temas das mais acaloradas discussões.

Lembro de uma vez em que um dos colegas, dos mais velhos, disse que nos Estados Unidos haviam reservas em que eram criados índios e que estes índios eram depois mortos nos filmes. A comoção foi geral. Ninguém queria acreditar, não podia ser.

Quer dizer que aqueles índios que víamos serem mortos as centenas em cada filme, desde Rin Tim Tim até o General Custer foram mortos de verdade? Meu amigo jurava, de pés junto, que sim.

Alguns, mais expertos, não se convenceram. Não era verdade. Aquilo tudo era “de faz de conta”. Coitados, foram vítimas do escárnio infame de meu amigo.

A conversa ficou acalorada e quase terminou em briga. Ao final saímos todos convencidos de que sim, nos Estados Unidos criavam-se índios para serem mortos no cinema e ponto final.

Só sei que nos dias seguintes ao assistir filmes de Velho Oeste, me dava uma dó, que beirava o desespero, só de saber que aquele monte de índios tinha sido morto de verdade.
Mais tarde veio o alívio, quando soube que era mentirinha de cinema, que os índios não eram mortos nos filmes. Que alegria!

Bem depois, já adolescente, é que fui tomar conhecimento da matança impetrada pelos colonizadores brancos contra os povos indígenas nas terras do Tio Sam.

Agora, entendo que meu amigo, mesmo em sua ingenuidade, estava coberto de razão. É, devemos sempre prestar atenção ao que os mais velhos têm a nos dizer, a verdade pode ser cruel.

Paulo Roberto Bornhofen

30 de ago. de 2010

A vizinha


Todos já tiveram uma vizinha daquelas que a gente tem vontade de pegar. Sendo bem sincero, passamos por uma idade que temos vontade de pegar toda e qualquer menina da vizinhança, coisas de hormônios, alegam os especialistas. Comigo não foi diferente.

Em minha vizinhança, quando era pequeno, tinha uma família com três filhas. A mais velha era um verdadeiro avião e muito namoradeira. Mas não dava bola pra gente. Éramos muito criança pra ela. Enquanto ela já namorava e frequentava festinhas e bailes em outros bairros, só nos era permitido curtir festinhas na garagem de algum vizinho, onde os pais sempre podiam manter um olho na gurizada.

As duas irmãs, as mais novas, até que eram disputadas pela rapaziada da rua. Às vezes, algum felizardo conseguia dar uma namoradinha com uma delas, raridade das raridades. Só que namoradinha naquela época não era como hoje. Nem existia a tal história de ficar. Fazer sexo, então? De jeito nenhum. Coitada da menina que fizesse sexo. Não, namoradinha, era coisa para pegar na mão de dar uns beijinhos as escondidas.

Como não tínhamos idade para explorar outros bairros, a diversão ocorria sempre na casa de algum vizinho. A turma se reunia para ouvir música e bater papo. As festinhas de garagem, que comentei acima, ocorriam apenas em datas especiais. A conversa engrenava, e quando muito, lá pelas 10horas da noite tínhamos que ir para casa. Agora, caro leitor, você está conseguindo ter uma boa ideia da idade da rapaziada, algo como 13 ou 14 anos.

Foi em desses encontros, na casa das três irmãs, que eu tive a certeza de que meu coração era forte. Lembro bem que era um sábado à noite. É fácil saber que era sábado por que era o único dia da semana que eu podia sair. Estávamos sentados próximo a porta de entrada da casa quando a filha mais velha (o avião, a namoradeira) saiu do banho e desfilou de camisola perante a molecada. Era uma camisola lilás - lembro-me como se fosse hoje - transparente, permitindo que a molecada conferisse cada detalhe das curvas daquele avião.

Ver uma mulher de camisola era algo impensável, ainda mais naquela transparência. Era muita areia para toda a frota de caminhãozinho da gurizada. Permita-me, caro leitor, abdicar de qualquer referência as roupas intimas (sim, ela as usava e basta saber isso), pois é o tipo de indiscrição que não me permito.
Ouve um silencio geral, até constrangedor, quando ela, a deusa, passou ignorando solenemente aquele bando de moleques. Virou as costas, entrou no quarto e fechou a porta, deixando atrás de si uma matilha de espinhentos e imberbes desesperados.

Bastou um dos colegas se despedir para os demais enfileirarem e irem embora, ninguém quis ficar sozinho com as, então, disputas irmãs. Naquela noite, minha mãe não precisou gritar da janela me chamando. Muitos menos, me mandar pro chuveiro. Tão logo cheguei, peguei minhas coisas e fui “tomar meu banho”. Minha mãe precisou, sim, me mandar, umas três vezes, desligar o chuveiro. Acho que o foi o banho “mais bem tomado” em toda a minha infância/juventude, que só terminou com a ameaça de meu pai em invadir o banheiro e me tirar à força do chuveiro.

Tenho a impressão de que naquele sábado à noite o mesmo fato se repetiu na casa de todos os meus amigos. Para a felicidade das mães, todos foram dormir bem limpinhos.

Paulo Roberto Bornhofen

23 de ago. de 2010

Maracanã, eu fui!


Todos que me conhecem sabem que não tenho a mínima intimidade com o futebol. Não nasci para os esportes. Não tenho time, não vou ao estádio, muito menos perco meu tempo em frente à TV para acompanhar uma partida. Tudo muda, porém, durante a copa. Dou-me o direito de assistir as partidas que o Brasil disputa, apenas estas.

Como certas coisas acontecem sem explicação, estou eu em pleno ano de 1989 no Maracanã assistindo ao jogo entre Brasil e Chile, pelas eliminatórias. O jogo que nunca terminou.

A chegada ao Maracanã já foi um deslumbramento, o movimento de pessoas, de carros, de ônibus, de tudo, era algo inigualável. Nunca tinha visto nada parecido com aquilo em minha querida Florianópolis, ou na minha nova paixão, a loira Blumenau.

Chegamos, entramos no templo do futebol e fomos procurar um lugar. O Maracanã estava lotado, com gente saindo pelo ladrão. Carioca é tudo gente boa, e logo nos arrumaram um lugar.

Pronto, era só esperar o apito inicial.

O jogo começa. A bola rolando e ao meu lado alguém acende um baseado. Não demora muito e me oferecem, recuso. A bola continua rolando e o baseado é substituído por um carreiro de cocaína, magistralmente arrumado em uma cédula. – Vou chamar a polícia. Alias, o policiamento era maciço no estádio. – Tá maluco, adverte meu colega. Vamos morrer aqui, fica quieto e assiste o jogo.

Sim, tinha o jogo. Voltei minha atenção para o campo, mas não por muito tempo. Começa uma briga no alto das arquibancadas. O estádio estava cheio, atulhado, mas eis que se abre uma clareira. Um dos envolvidos na briga desce correndo, se forma um corredor polonês, aonde o miserável vai passando, vai tomando porrada. Lá embaixo é socorrido por uma dupla de policiais e levado para fora. Mais alguns instantes e outra briga começa. Mal posso ver os policiais chegando e um deles leva um tabefe que a sua boina voa longe e cai direto no anel inferior. Não demora muito e os policias saem carregando os briguentos.

Retorno minha atenção para o jogo, afinal, era por ele que eu estava ali. Atrás da trave do Chile sobe um sinalizador. Sobe, sobe e começa a cair, devagarzinho. O povo acompanha. Puf, bateu no chão. O goleirão do Chile olha pra trás, onde havia caído o sinalizador, e se joga sobre o artefato.

Jogo parado. Vem médico, bandeirinha, todo o banco do Chile. Vira uma confusão. Todo o time, ou melhor, seleção do Chile se retira para o vestiário, abandonam o jogo.
O árbitro dá o jogo por encerrado. Fim de minha aventura futebolística. Esta é a minha experiência como torcedor, fui uma única vez ao templo maior do futebol brasileiro, o lugar onde nos idos de 50 o Brasil perdeu a final da copa do mundo. Eu, bem, que posso dizer? O jogo nem terminou.

Estou pensando em assistir alguns jogos na Copa de 2014 – apenas os da seleção brasileira, que fique bem claro – só para ver o que acontece. Alguém me acompanha?

Paulo Roberto Bornhofen