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Blog literário criado em 29/08/2008, na cidade de Blumenau-SC.


3 de set. de 2008

Trilogia de uma noitada - Parte II - A foto na internet

Minha mulher viajando e eu numa baita “depre”. Os dias eram intermináveis e andava meio sem vontade de fazer nada. Eis que me vem o convite de duas colegas pra um chopinho. Quem tem amigos, tem um tesouro, pensei eu. E lá fui contente e satisfeito para partilhar da agradável companhia delas enquanto saboreava um dos deliciosos chopes produzidos na nossa região.

Cheguei primeiro, meio deslocado, pois havia perdido a prática de sair sozinho. Não lembro de quando foi a última vez que vivenciei essa experiência. Instintivamente me instalei em um canto do balcão e fiquei aguardando. Após longos 15 minutos e elas chegaram o fomos para uma mesa. Durante esse tempo já havia derrubado duas tulipas de chope, acho que estava nervoso, não que achasse ou que realmente estivesse fazendo algo errado, mas era o inusitado da situação.

Sentamos e pedimos mais uma rodada de chope. Mais uma para mim, pois para elas era a primeira. Logo chegou mais uma pessoa, era alguém que não conhecia, era uma amiga delas e se incorporou ao grupo. Pedimos uma pizza e ficamos jogando muita conversa fora.

Era uma situação bem diferente, não que estivesse me sentindo mau com a situação, ao contrário estava me sentindo muito bem, muito a vontade, e talvez fosse isto que estava me incomodando. Não tinha a menor intenção de me esconder de quem quer que seja, ou de omitir esse fato para minha esposa quando ela retornasse de seus dez dias fora do país. Mas sempre fica aquele clima de “homem casado quando fica sozinho...” Aquelas histórias de quando no verão a mulher fica na praia e o marido aproveita e se aproveita da situação, fazendo tudo àquilo que não lhe era permitido. Não era o meu caso, até porque estávamos em um local que semanalmente freqüento com um grupo de amigos. Como a casa tem três ambientes, eu e meus colegas, de toda a semana, ficamos no térreo e apenas observamos “o povo” subindo para os outros ambientes nos demais andares.

Já estava mais calmo, havia diminuído a freqüência com que as tulipas de chope eram trocadas e me sentia mais ambientado, mais a vontade, afinal era um encontro normal de colegas do mestrado, não havia nada de anormal nisso. Conversa vai, conversa vem, alias muita conversa, e chega em nossa mesa um homem com uma máquina fotográfica digital e pergunta se pode tirar uma foto nossa. Explicou que era de um site de divulgação da vida noturna da região. A gargalhada foi geral e as três jogaram a responsabilidade para mim, a foto dependia da minha autorização. Era uma situação totalmente inusitada, mas mesmo assim, sem relutar, autorizei. Após nos posicionarmos, atendendo as orientações do fotografo, o clique foi feito e logo em seguido apresentado para nossa aprovação. Ficou uma bela foto com quatro alegres e felizes colegas. Questionei minhas companheiras de aventura fotográfica-digital sobre a razão de sermos escolhidos para tal. Elas me mandaram olhar para as demais mesas e só então me dei conta. As demais mesas ou estavam ocupadas por homens solitários, ou ainda por grupos de homens, e umas poucas por casais. A nossa era a única em que havia um único homem dividindo a mesa com três mulheres. Com toda a certeza chamávamos a atenção. Ali naquele momento assumo que experimentei um sentimento de alegria e de enorme satisfação. Morram de inveja seus incompetentes, mas tenham muito cuidado com a tecnologia, e isso serve não só para as modelos famosas flagradas com seus companheiros nas praias da Espanha.

Paulo Roberto Bornhofen
Escritor e Peota

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