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Blog literário criado em 29/08/2008, na cidade de Blumenau-SC.


18 de mai. de 2009

Código Morse – um sistema de comunicação cada vez mais atual

O sistema de comunicação conhecido como código Morse foi desenvolvido em meados do século XIX, por Samuel Morse, o inventor do telégrafo e um de seus assistentes. Por muito tempo foi utilizado, principalmente, nas comunicações de longa distância. Várias são as formas se transmitir uma mensagem codificada através do Morse. As mais conhecidas são os pulsos elétricos, as ondas sonoras, sinais luminosos e as ondas de rádio.

Não vou falar de nenhum deles, vou ater-me a uma forma que vem ganhando rapidamente uma grande dimensão, fato que está permitindo ao código manter-se atualizado, a despeito do grande avanço tecnológico. Foram os modernos meios de comunicação que diminuíram a importância de seu uso. Ficou difícil pro velho Morse competir com rádio, celular, e-mail, MSN, Orkut, Twitter e tantos outros. Apenas alguns abnegados se mantêm fiel ao código, como os radioamadores.

Por outro lado, essa mesma tecnologia até que tenta dar um novo fôlego ao famoso código, oferecendo um alento aos saudosistas. No meu Iphone existe um aplicativo que simula uma lanterna. Entre as formas de apresentação da lanterna está um inofensivo isqueiro. Como ele não serve para acender nada, creio que os desenvolvedores do aplicativo imaginaram o seu emprego em shows, quando a platéia ao som de melosas canções produz uma coreografia de luzes. Não é só isso, outra versão da lanterna apresenta um pedido de socorro em código Morse. Isso mesmo, no bom e velho Morse. Só tenho que me preocupar com a carga da bateria – quando a Apple vai fabricar uma bateria decente? – e rezar para que alguém entenda o que significa aquela luz piscando sem parar. Pensando melhor, é bom não confiar na bateria e andar com um isqueiro de verdade no bolso.

Alheio a tudo isso, por incrível que pareça, o velho código resiste. Resiste bravamente através daquelas pessoas que irritantemente insistem em conversar com a gente através de toques, de cutucões mesmo. Costumezinho danado! Tem gente que chega ao absurdo de a cada palavra emitida disparar um irritante cutucão. Tem uns que dão um tapinha, coisinha de leve, algo meio carinhoso, se não fosse a forma que abusam de sua frequência. Outros, de mão pesada, usam a ponta do dedo indicador. Coitado de você se não prestar a atenção, o miserável aumenta a intensidade e a frequência dos tais cutucões. Tenho a impressão de que a amarrar as mãos destas pessoas teria o mesmo efeito que aplicar-lhes uma mordaça. Seria um silêncio absoluto, não conseguiriam falar nada.

Trago comigo a certeza que ao ler este texto você identificou, não apenas um, mas vários de seus conhecidos que agem desta forma. Quando tenho intimidade, suficiente, com a pessoa eu a aviso de que eu não entendo código Morse, que a comunicação deverá se restringir apenas aos sinais sonoros, verbais que fique bem entendido. Quando não tenho muita intimidade sou forçado a aturar o operador de telégrafo. Mas quando a inconveniência se torna muito grande, eu apelo e mando um “não cutuca, meu”.

Costuma funcionar, pelo menos por cinco minutos. Depois o cara liga o telégrafo novamente. Já fiz a experiência de responder na mesma moeda. Transformo-me, momentaneamente, em um “cutucador”. Não adianta, o sujeito não se “toca”. Parece que não se incomoda. Pior, funciona como uma senha que abre caminho para uma intimidade regada a toques e cutucões.

Não tem jeito, acho que é uma praga da modernidade. Não sou psicólogo, mas penso que é algo inconsciente, que está ligado à necessidade das pessoas romperem seu isolamento. Elas precisam tocar em alguém, geralmente em mim, para o meu desespero.

Queria entender por que só os homens têm este costume. Nunca vi, ou fui vítima de uma mulher operadora de telegrafo. As mulheres, me parecem, não têm essa necessidade de se comunicarem através dos toques, ou melhor, dos cutucões. Acho que é coisa só de macho, ou como dizem hoje, coisa de menino.

Esses meninos têm cada tipo de brincadeira! Se você ainda não teve um amigo, destes que utilizam o Morse para reforçar a comunicação verbal, tenha certeza de que você ainda vai ter, pois é tão moderno quanto um Iphone. Pena que a bateria deles não acaba tão cedo quanto ao do aparelhinho da Apple.

Paulo Roberto Bornhofen.
PS: se você tem um destes amigos aproveita e manda o meu texto pra ele. Mas manda com uma dedicatória.