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Blog literário criado em 29/08/2008, na cidade de Blumenau-SC.


6 de jul. de 2009

Discutindo Relação


Desde os tempos de Adão
Que o homem sofre de solidão
De ajuda veio a Eva, um partidão.
A que se entregou não ao Adão,
Mas à maçã, o fruto da perdição

Audaciosa veio a perder o paraíso
Só ela não foi, levou Adão, o indeciso
Expulsos, cobriram o que era preciso
Em par trilharam caminhos imprecisos
Adão desde então não tem mais juízo

Por culpa de Eva, Adão se envolveu
Desde o paraíso não se sabe o que sucedeu
Eva jura que foi tentada pelo bicho que apareceu
Adão diz que só comeu o que Eva ofereceu
Por causa deles a humanidade se perdeu

Solidão o homem não comporta
Precisa de uma mulher, mesmo que por via torta
Só a mulher vive bem, não se importa
A companhia de um homem, até que suporta
Relação que requer o cuidado de uma horta

Se entrar erva daninha a coisa complica
Quando Adão olha pro lado a Eva implica
Grita, chora, faz de tudo, em nada simplifica
Adão, de joelhos o perdão suplica
Eva, satisfeita, finge que abdica

Desta relação, nada simplista, surgiu o amor
Adão ama, ao seu modo, com muito fervor
Eva, também, só que o seu é manipulador
Quando não se entendem gera muita dor
Transformando o coração em órgão sofredor

Desde outrora, esta é a história, de Eva e Adão
Que sempre se repete, mas, contar é preciso
Principalmente aquela, que nunca se esclareceu
Quando e onde a esperança se personifica
E, para transformar tragédia em um lindo caso de amor
Só deixando por conta de um poeta sonhador


Paulo Roberto Bornhofen

30 de jun. de 2009

Justiça

29 de jun. de 2009

MULHER

Muitos, por ela choraram
Outros, por ela imploraram
Poucos, por ela negaram
Todos, por ela imaginaram
Guerreiros, por ela lutaram
Pacifistas, por ela reivindicaram
Filósofos, por ela suspiraram
Ateus, por ela negaram
Crentes, por ela rezaram
Cientistas, por ela estudaram
Políticos, por ela tramaram
Homens, por ela apenas foram HOMENS

Paulo Roberto Bornhofen
13/02/2009

Desencontros de felicidade

Pedra rolando solitária
Cama cheia de metade
Sofrimento!

Triste aroma de paixão
Relógio sem corda
Torneira bradando soluços
Terror!

Porta que grita
Pés se arrastando
Fêmea exaurida
Amor esgotado
Felicidade!

Paulo Roberto Bornhofen
20/06/2009

Confissão

Sofro para entender!
sem saber (poesia)?
Sossego
A resposta não está
no poeta
Palavra
“No inicio havia a palavra
e a palavra foi aceita”.
Eureca, (se) fez o poeta.

Paulo Roberto Bornhofen
20/06/2009

Acordes poéticos



No mundo das letras a poesia é um espaço em que não transito muito bem. Posso dizer que estou aprendendo a dar os primeiros passos. Neste exercício, de aprendizado, estou seguindo a regra fundamental que diz que para escrever é preciso ler, ler bastante. Por isso, foi com alegria que recebi o livro Acordes Poéticos: cartas, poemas e canções, da minha amiga Fabiana Lange. O livro carrega uma característica interessante, a produção da Fabiana é entremeada pelos comentários de seu companheiro, o também poeta, Ricardo Brandes.

A obra da Fabiana tem uma característica bem interessante, é a forma como os textos poéticos estão organizados, é uma sequência que não chega a ser totalmente linear, mas permite ao leitor acompanhar um crescente de emoções, como em uma sinfonia, fazendo jus ao nome. No livro é possível captar a alma sensível de uma jovem, mas não inexperiente poeta que se permite ser explicita na pureza das emoções.

Alguns temas são recorrentes em sua construção poética, entre eles a paz, a amizade, a angustia, a solidão, que na seqüência é confrontada com a vida familiar, explicita no amor a afilhada. Alias, o amor, a paixão, o desejo, o amor carnal, a entrega são retratados cada um dentro de sua peculiaridade. Esta temática, sim, pode-se dizer que segue um crescente linear que começa com a paixão, evoluindo para o desejo, que logo se mostra vencedor quando o poema “Indefesa” se apresenta como uma oração de confissão da entrega ao amado, o desejado. Momento em que a mulher aflora em toda a sua complexidade.

Ler Acordes Poéticos é acompanhar o amadurecimento da menina-moça que se transforma em mulher. Mulher forte que se apresenta em várias modalidades, a mulher feminina, a mulher (que vai ser) mãe, a mulher, simplesmente em oposição ao masculino, que não pode ser mãe, mulher poeta.

Como em uma produção musical, Acordes Poéticos, tem sua apoteose, que para mim está representada em dois poemas, não por acaso os dois últimos, Vida de Casal e Você, que para saber só lendo.

Paulo Roberto Bornhofen

26 de jun. de 2009

Morreu



Ao chegar em casa, por volta das 23:00hs, fui dar aquela zapeada costumeira pelos canais de TV. A notícia era uma só: a morte do Michael Jackson, até nos canais de esporte. Só ficaram de fora os famosos programas de venda, os demais só apresentavam isso.

Como sempre ocorre quando morre alguma celebridade, desta vez não foi diferente. Eram só comentários enaltecendo a figura, a pessoa maravilhosa e outras qualidades do finado. Não quero entrar no mérito do que os comentaristas falavam, até porque não conheço o Michael Jackson. Não este que morreu ontem.

O Michael Jackson que eu conheci morreu faz muito tempo. Era um jovem, negro, cantor, dançarino, coreografo e muitas outras coisas. Cantava, vendia discos como ninguém. Esse morreu faz tempos. Deu lugar a outro Michael Jackson. O de pele esbranquiçada, envolto em escândalos, que vivia recluso, que não cantava e não dançava.

O primeiro foi morrendo aos poucos, ao longo dos anos. O outro morreu de forma súbita, envolto em mistérios. Acho que é em razão disso a diferença que o impacto de ambas as mortes causou.

Em meio à multidão de fãs que eram entrevistados e junto aos outros milhões que se manifestaram pela internet, uma corrente começou a tomar corpo. Entre as teorias surgiu uma que dava conta de que Michael Jackson na verdade não havia morrido.

Faz sentido. Eu creio que ele realmente se retirou para uma vida mais tranqüila, equilibrada. Foi viver ao lado do ex-sogro, o Rei do Rock, Elvis Presley. Agora eu concordo. Sim, por que Elvis não morreu. Eu tive a prova de que o Rei está vivo, durante viagem ao Tahiti.

Como prometi ao próprio Rei nunca revelar como foi nosso encontro, em 2006, no Tahiti, não posso falar nada. Promessas ao Rei são para serem cumpridas. Lamento mas mais do que isso não posso dizer.

Já posso até ver, o dois, sogro e genro, curtindo o paraíso (Tahiti).


Paulo Roberto Bornhofen
26/06/2009

...and the winner is Mr. Santana (o Joel)


Nos últimos dias o senhor Joel Santa tem sido alvo das mais variadas piadas. Tudo por causa do seu modo peculiar de falar inglês. Logo nós, brasileiros, que nem conhecemos direito o nosso idioma, que, aliás, não é nosso, é de Portugal. Estamos metidos até o pescoço com a tal da reforma ortográfica, mas não perdemos a oportunidade de tirar uma lasquinha do Joel Santana.

Tudo isso por quê? Simples, é a mais pura dor de cotovelo! O cara é um vencedor. E isso incomoda. Tem gente dizendo que ele é um analfabeto. Tudo bem elegemos um para ser o nosso presidente (Mr. President). Em sendo ele um analfabeto isso é por acaso algum impedimento para ser um vencedor? Claro que não.

Talvez estejamos estranhando um pouco a fórmula “Joel Santa”. Geralmente costumamos ter outros tipos de ídolos. Que tal um cara famoso como o cantor Belo, aquele do envolvimento com os traficantes? Ou então a cantora Amy Winehouse, aquela que vive drogada. Temos, ainda, o Kurt Kobain, que não agüentou a fama e se matou. Quem sabe a Paris Hilton, que faz vídeo pornô caseiro pra todo mundo ver na internet. Pensando bem, melhor não. Acho que não seria legal um pornô com o Joel.

Mr. Joel fica na dele. Apresenta as suas credenciais, diz que já foi treinador no Japão, na Arábia Saudita, nos Emirados Árabes e agora é a vez da África do Sul, a Bafana Bafana. “É assim que eu coloco o arroz e o feijão lá em casa” disse, candidamente. Que arroz e que feijão seu Joel! Mesa globalizada essa da sua família. Morram de inveja aqueles que se contentam com o arroz e feijão tupiniquim.

Quando perguntaram pra ele do currículo ele disse que não tinha, que tinha testamento. Parabéns Mr. Joel. Continue com o seu Inglês, não se intimide com os invejosos. Diga que tem um belo “legacy” para deixar. Já pensou a turma toda rindo do senhor e dizendo: “po... meu, o cara ganha essa grana toda e só vai deixar um carro de herança! Qual é meu, o que ele fez com o todo o dinheiro? “Caraca velho”, pelo menos podia ser um aviãozinho da Embraer, completa, rindo, outro gaiato.”

Let´s play, Mr. Joel, let´s play. Afinal de contas, who lets the dogs out?
Paulo Roberto Bornhofen
25/06/2009

24 de jun. de 2009

O fim da morte súbita e alguns delírios

Quem quer morrer? Quem quer morrer? Quem quer morrer? Repito, quem quer morrer? Foi este o cenário que eu imaginei: você vai andando pela rua e se depara, a cada passo, com um destes entregadores de panfletos. Enquanto ele grita a famosa pergunta, literalmente, enfia na sua cara um panfleto com a inscrição: “fim da morte súbita”.

Em um primeiro momento você leva um choque. Depois, ao ler o panfleto você entende que se trata de mais uma descoberta da ciência. Os cientistas desvendaram o mecanismo que dispara a famosa morte súbita. Meu Deus, você grita. Acabou, não posso mais morrer em paz, lamenta.

Levaram a esperança daquele infarto fulminante, de dormir e não acordar. Agora só morte dolorosa. Os cientistas aprontam cada uma. Fiquei tão traumatizado quando ouvi a manchete, no telejornal, que perdi toda a vontade de assistir ao resto. Desliguei a TV. Até agora estou delirando. Não me interessa o resto da matéria.

Voltando ao delírio acima. Para espantar os panfleteiros, ou panfletadores (qual é o certo, será que existe “um certo” quando se trata de panfletagem?), a idéia de um cidadão blumenauense – andar com um gravador repetindo a mesma frase, algo do tipo: eu não quero, obrigado – ganha corpo, e você grava a sua mensagem.

Daquele dia em diante você passa a andar com um gravador repetindo: Não, obrigado. Eu só quero morrer em paz! O seu gravador faz tanto sucesso que você começa a receber encomendas. Cada dia chega mais encomendas. Como você está ganhando muito dinheiro, logo aparecem outros vendendo os mesmos gravadores, mas com mensagens “customizadas” (essa doeu) e para não perder mercado você contrata uns panfleteiros e começa a distribuir “flyers” (essa dou mais ainda) pelas ruas. Pronto, você entrou no mundo da panfletagem e

Colega leitor
Este foi o texto que encontrei junto ao corpo de um escritor muito amigo. Ao visitá-lo deparei-me com a sena macabra. Prostrado em uma cadeira, bem em frente à mesa, estava o corpo. O computador ligado e na tela aparecia o texto acima, inacabado. Por razões obvias não vou revelar o seu nome. Dias mais tarde o legista comunicou a causa de sua morte. Ele havia morrido de morte súbita. Um infarto fulminante havia lhe levado a vida. Trágica ironia.

Coitado, se tivesse pesquisado mais sobre a descoberta dos cientistas teria visto que toda a equipe foi acometida da tal gripe A, a suína popularmente conhecida, ou Influenza Porcina, para os mais eruditos. Estão todos recolhidos em quarentena. Essa é a vida, cada dia uma surpresa. Até que um dia...

Por isso, viva a vida!



Paulo Roberto Bornhofen
24/06/2009

18 de mai. de 2009

Código Morse – um sistema de comunicação cada vez mais atual

O sistema de comunicação conhecido como código Morse foi desenvolvido em meados do século XIX, por Samuel Morse, o inventor do telégrafo e um de seus assistentes. Por muito tempo foi utilizado, principalmente, nas comunicações de longa distância. Várias são as formas se transmitir uma mensagem codificada através do Morse. As mais conhecidas são os pulsos elétricos, as ondas sonoras, sinais luminosos e as ondas de rádio.

Não vou falar de nenhum deles, vou ater-me a uma forma que vem ganhando rapidamente uma grande dimensão, fato que está permitindo ao código manter-se atualizado, a despeito do grande avanço tecnológico. Foram os modernos meios de comunicação que diminuíram a importância de seu uso. Ficou difícil pro velho Morse competir com rádio, celular, e-mail, MSN, Orkut, Twitter e tantos outros. Apenas alguns abnegados se mantêm fiel ao código, como os radioamadores.

Por outro lado, essa mesma tecnologia até que tenta dar um novo fôlego ao famoso código, oferecendo um alento aos saudosistas. No meu Iphone existe um aplicativo que simula uma lanterna. Entre as formas de apresentação da lanterna está um inofensivo isqueiro. Como ele não serve para acender nada, creio que os desenvolvedores do aplicativo imaginaram o seu emprego em shows, quando a platéia ao som de melosas canções produz uma coreografia de luzes. Não é só isso, outra versão da lanterna apresenta um pedido de socorro em código Morse. Isso mesmo, no bom e velho Morse. Só tenho que me preocupar com a carga da bateria – quando a Apple vai fabricar uma bateria decente? – e rezar para que alguém entenda o que significa aquela luz piscando sem parar. Pensando melhor, é bom não confiar na bateria e andar com um isqueiro de verdade no bolso.

Alheio a tudo isso, por incrível que pareça, o velho código resiste. Resiste bravamente através daquelas pessoas que irritantemente insistem em conversar com a gente através de toques, de cutucões mesmo. Costumezinho danado! Tem gente que chega ao absurdo de a cada palavra emitida disparar um irritante cutucão. Tem uns que dão um tapinha, coisinha de leve, algo meio carinhoso, se não fosse a forma que abusam de sua frequência. Outros, de mão pesada, usam a ponta do dedo indicador. Coitado de você se não prestar a atenção, o miserável aumenta a intensidade e a frequência dos tais cutucões. Tenho a impressão de que a amarrar as mãos destas pessoas teria o mesmo efeito que aplicar-lhes uma mordaça. Seria um silêncio absoluto, não conseguiriam falar nada.

Trago comigo a certeza que ao ler este texto você identificou, não apenas um, mas vários de seus conhecidos que agem desta forma. Quando tenho intimidade, suficiente, com a pessoa eu a aviso de que eu não entendo código Morse, que a comunicação deverá se restringir apenas aos sinais sonoros, verbais que fique bem entendido. Quando não tenho muita intimidade sou forçado a aturar o operador de telégrafo. Mas quando a inconveniência se torna muito grande, eu apelo e mando um “não cutuca, meu”.

Costuma funcionar, pelo menos por cinco minutos. Depois o cara liga o telégrafo novamente. Já fiz a experiência de responder na mesma moeda. Transformo-me, momentaneamente, em um “cutucador”. Não adianta, o sujeito não se “toca”. Parece que não se incomoda. Pior, funciona como uma senha que abre caminho para uma intimidade regada a toques e cutucões.

Não tem jeito, acho que é uma praga da modernidade. Não sou psicólogo, mas penso que é algo inconsciente, que está ligado à necessidade das pessoas romperem seu isolamento. Elas precisam tocar em alguém, geralmente em mim, para o meu desespero.

Queria entender por que só os homens têm este costume. Nunca vi, ou fui vítima de uma mulher operadora de telegrafo. As mulheres, me parecem, não têm essa necessidade de se comunicarem através dos toques, ou melhor, dos cutucões. Acho que é coisa só de macho, ou como dizem hoje, coisa de menino.

Esses meninos têm cada tipo de brincadeira! Se você ainda não teve um amigo, destes que utilizam o Morse para reforçar a comunicação verbal, tenha certeza de que você ainda vai ter, pois é tão moderno quanto um Iphone. Pena que a bateria deles não acaba tão cedo quanto ao do aparelhinho da Apple.

Paulo Roberto Bornhofen.
PS: se você tem um destes amigos aproveita e manda o meu texto pra ele. Mas manda com uma dedicatória.

7 de mai. de 2009

Pizza sabor PM

Leio constantemente os colunistas do Santa (jornal diário em Blumenau) e ontem (06/5) achei muito interessante a coluna intitulada “Rodízio ou a la carte” em que o autor faz uma série de considerações que pode ser resumida na seguinte frase: “Quando (sic) mais vejo gente implorando por polícia sem se preocupar com a qualidade destes quadros, me sinto um apreciador de pizza a la carte num rodízio barulhento e nervoso”. Interessante a colocação feita pelo articulista.

No meio de texto, ou autor alerta que não está questionando a formação dos policiais e admite que não a conhece a fundo. Esta afirmação contém uma certeza embutida nela, a de que o autor tem um conhecimento, mesmo que superficial, de como é o processo de formação de um policial. Só isto já o coloca em uma situação privilegiada, pois garanto que a maioria esmagadora da população não conhece, sequer, o emprego, quanto mais à formação de um policial. O pesquisador norte-americano David H. Bailey aponta, entre outras coisas, o fato do serviço policial não apresentar qualquer glamour, para justificar esta falta de interesse. Concordo com ele.

Entre as opções apresentadas no título da coluna, “Rodízio ou a la carte”, está faltando uma, para a Polícia Militar, que não é nem o rodízio, muito menos a la carte. É na verdade o tele-entrega. Basta você ligar para o 190, relatando o seu problema, que a entrega é providenciada. O meio de transporte mais usual, para o serviço de entrega, é o automóvel, existindo ainda as motos, bicicletas, barcos, aeronaves, cavalos e o tradicional a pé, às vezes acompanhado por cães.

Como se prepara a pizza sabor PM? Cada estado da federação tem a sua receita. A pizza sabor PM básica, versão Catarina, contém os seguintes ingredientes: Abordagem Sócio – Psicológica do crime e da Violência; Sistema de segurança pública no Brasil; Qualidade em serviço; Ética e cidadania; Fundamentos de polícia Comunitária; Criminalística aplicada; Teoria de Tiro; Defesa pessoal; Direção defensiva e policial; Pronto socorrismo; Prevenção e combate a incêndios; Direito ambiental; Direito constitucional; Direito da criança e do adolescente; Direito Penal; Direito Processual Penal; Direito militar; Direitos humanos; Legislação de trânsito; Introdução ao estudo do direito; Termo Circunstanciado; Gerenciamento do estresse; Saúde física; Resolução de problemas e tomada de decisão; Relações interpessoais e saúde mental; Português instrumental (documentos PM); Cerimonial e Protocolo; Telecomunicações; Informática; Policiamento ostensivo; Técnicas de Informação; Tiro Policial; Prevenção e combate do uso e abuso de drogas; Técnicas de polícia preventiva; Operações de policiamento de Trânsito; Operações de polícia; Gerenciamento de conflitos e negociação; Ordem unida; Legislação institucional. Preparo: adicione todos os ingredientes, aos poucos, de maneira a produzir uma massa uniforme. Depois leve ao forno por pelo menos 1.000 horas, que é o que dura o treinamento para Soldado da PMSC, isso sem considerarmos os processos de recrutamento e seleção.

Como toda pizza, a sabor PM tem algumas variações, ou especializações, mas todas partindo da pizza sabor PM básica. Existe a Operações especiais (que às vezes vem com muita pimenta), trânsito e rodoviário (as mais salgadas), ambiental (com ingredientes ecologicamente corretos), PROERD (sucesso absoluto com a criançada), comunitária (ainda com pouca aceitação), e a ostensiva geral, entre outras. A ostensiva geral é a mais comum, a que mais sai, a mais pedida.

Quando pedir uma pizza sabor PM? Você pode solicitar um tele-entrega em várias situações. Por exemplo, quando está precisando de um auxílio (não confundir com serviço de taxi). Só que o auxílio não é só para o cidadão, é feito, também, para os mais variados órgãos da administração pública, entre eles a justiça. Pode ainda solicitar quando estiver ocorrendo um crime, mas neste caso apenas 35% dos pedidos são em decorrência de crime. Notou o detalhe? È que 65% dos “pedidos” não estão relacionados com crimes ou contravenções, mas como é o gosto do cliente que manda, nada pode ser feito. Tem ainda os casos de acidente de trânsito, ou quando houver uma criança perdida, alguém desaparecido, na verdade uma infinidade de situações. A nossa Constituição fala em situações que envolvam a ordem pública, sem definir o que vem a ser a tal ordem pública.

Alguns especialistas dizem que a ordem pública não se define, se sente. Cada comunidade e cada pessoa sente de uma forma muito própria o que é ordem pública. Por isso, ela varia no tempo e no espaço. O que é ordem pública aqui e agora pode não ser lá e agora, ou aqui e depois, entendeu?

Em quais locais é feita a entrega? A entrega é feita em qualquer lugar e a qualquer horário. Entrega-se no litoral, na serra, no interior, resumindo, no campo e na cidade. No centro e na periferia. De dia e de noite. No inverno e no verão, na verdade no outono e na primavera também. Com chuva, com sol, nublado ou com frio. Sete dias por semana, o ano todo. Não fecha fim de semana e nem em feriados. Às vezes nem precisa pedir. Em outras, o pedido não chega, ou chega atrasado.

E se a entrega não for bem feita? Bem, isso pode ocorrer, e ocorre, afinal de contas, em Santa Catarina, as entregas já estão se aproximando de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) a cada ano. Quando isso ocorre basta abrir o jornal que vai estar tudo lá, muito bem documentado e ilustrado com fabulosas fotos. Às vezes nem precisa abrir o jornal, está na capa, quando não como a principal manchete. Essa é a pizza sabor PM!

Tá servido?

Paulo Roberto Bornhofen
08/05/2009

6 de mai. de 2009

Histórias de um mundo assombrado – Parte II - O fracasso

Eu tenho um amigo que vive me surpreendendo com as histórias que aconteceram na aldeia dele. O que mais me surpreende é que todas as histórias que ele conta são verdadeiras e pela tradição da aldeia elas devem ser passadas oralmente. Eles não têm o hábito de escrever estas maravilhas. Como eu não faço parte da aldeia dele eu ponho no papel o que ele vai me contando.

Disse ele que certa vez o mandatário máximo do povo dele enviou para a sua aldeia um representante. Este representante deveria ser como a presença viva do mandatário e para tanto deveria trabalhar pelo bem de toda a comunidade. Isso é o que deveria ter acontecido, mas não foi o que aconteceu. Ao contrário, o representante enfiou os pés pelas mãos, como nós costumamos dizer, e teve que deixar a aldeia no meio da noite, com o rabinho entre as pernas.

Tão logo chegou à aldeia, o representante reuniu o conselho dos líderes e já foi mandando o recado. Disse que estava ali por outros caminhos e negou que o mandatário máximo o tivesse enviado. Chegou a zombar do mandatário, dizendo que se dependesse dele, do mandatário, o representante seria outro. Foi mais longe, disse que estava lançando suas bases e que queria fixar seus domínios por ali.

Aos poucos ele foi isolando os integrantes do conselho de lideres e foi chamando gente nova, gente que deveria ir, lentamente, tirando a liderança dos integrantes do conselho de líderes. Em outra frente, começou a fazer favores pessoais usando a estrutura da aldeia. Queria agradar algumas pessoas para conseguir apoio para suas ambições.

Em pouco tempo, devido a sua pratica abusiva e as suas ações funestas o tal do representante já havia angariado uma antipatia geral. Seu plano de fixar seus domínios na aldeia começou a fazer água. Ele foi ficando isolado. Alguns aldeões conseguiram perceber que ele estava corrompendo toda uma estrutura que já vinha funcionando. Tudo em proveito particular.

Não demorou muito para que começassem a eclodir manifestações de inconformismo e até mesmo de revolta com o tal do representante. A situação rapidamente foi se deteriorando e ele foi sendo cada vez mais isolado. Não demorou muito para ele notar que seu plano havia fracassado. Seu isolamento era quase total. Até aqueles que ele havia chamado como sendo “gente nova” ao verem no que haviam se metido, começaram a negar a sua liderança e a fazer criticas ao seu modo de agir.

Ele não tinha mais clima entre os aldeões. O mandatário máximo de seu povo relutu em remover aquela figura incomoda da aldeia. A situação estava ficando insustentável com alguns integrantes do conselho de líderes exigindo a sua remoção imediata.

Até que um belo dia ninguém mais soube noticias suas. Silencio, era só que se ouvia. Nenhuma informação, nada. O seu paradeiro era desconhecido. Assim foi por alguns dias, até que noticias chegadas deram conta de que o representante do mandatário não representava mais nada. Tinha pedido para sair. Foi direto ao mandatário máximo e apresentou sua renuncia. Nem para dizer adeus ele deu as caras na aldeia.

Corre a boca pequena que em um determinado dia ele furtivamente voltou à aldeia e durante a noite fez uma, muito reservada, despedida. Não tinha muitos aldeões para convidar. Os que foram não gostavam de comentar sobre a despedida. Alguns ficavam até constrangidos. Assim foi que a aldeia conseguiu se livrar daquela figura incomoda. Ele, o representante, teve uma saída melancólica que até hoje é contada de geração em geração para que os mais jovens não se esqueçam de um famoso ditado popular, da aldeia dele, que diz que depois da soberba vem o fracasso.


Paulo Roberto Bornhofen
06/05/2009.

4 de mai. de 2009

Cartão “vipado”

Você, certamente conhece aquelas piadinhas em que o ouvinte é enrolado, enrolado, enrolado e no final fica sem saber do melhor da piada. Aquela, do tipo do cara que queria muito transar com uma determinada mulher, mas ela diz que só vai transar com ele depois de casada e dá um determinado nome pra transa. O cara fica tão louco pela tal transa que aceita casar e na lua-de-mel a mulher morre antes de transarem e ninguém fica sabendo como é a tal transa.

Você fica “p” da vida pelo tempo que perdeu. Pois é, eu passei por uma situação dessas, não com relação a tal transa, mas com a perda de tempo. Na verdade me senti como o cara da piada. Cheguei até a achar que estava caindo em alguma pegadinha da televisão. Não era, foi real.

Eu sou cliente de uma grande rede de supermercados com sede em Santa Catarina. Compro desde que eles inauguraram sua primeira loja em Blumenau. Mesmo com a abertura de outras lojas de grandes redes eu permaneço fiel. Semanalmente, às vezes duas ou mais vezes, vou ao supermercado. Tenho o cartão de fidelidade e o cartão de crédito, internacional, da rede.

Dias destes ao passar pelo caixa, em um sábado, a atendente me informou que meu cartão estava “vipado” e que eu deveria procurar o setor de atendimento do clube de fidelidade. No começo achei que tinha ouvido mau, mas ela me confirmou que era mesmo “vipado”. Que diabos pode ser isto, imaginei. De imediato relacionei com VIP, e na certa eu iria ganhar algum tipo de beneficio. Um neologismo, assim como deletado, agora tem vipado. Vamos enriquecer nosso maltratado português.

Fui até o tal clube e não havia ninguém para me atender. Já comecei a estranhar. Será que estão me sacaneando? Como a curiosidade era maior, igual ao do marido da piada, fui até o balcão de atendimento e conversei com a mocinha que lá estava. Relatei a minha situação e ela prontamente disse: o seu cartão está “vipado” e falou com uma alegria, com um tremendo sorriso que eu tive certeza de que iria ganhar mais um beneficio. Disse, ainda, a atendente: - olha a moça que irá atendê-lo está bem aqui na nossa frente, preenchendo uma proposta de adesão, vamos. Lá fui eu, feliz da vida. A tal moça olhou-me e disse: - “cartão vipado, só um momento que eu vou terminar aqui e já lhe atendo”. Ansioso eu disse, tudo bem, mas o que é cartão “vipado”? Ela abriu um sorriso e disse para não me preocupar que era coisa boa e continuou a preencher a proposta de adesão.

Eu fiquei ali, parado, feito um poste, no meio do corredor dos caixas. O tempo foi passando e nada de terminar a proposta. Então, eis que ela termina pega à senhora que era a dona da proposta e vão embora. Eu fiquei parado, com cara de idiota. Agora tinha certeza de que era pegadinha. Disfarçadamente olhei para ver se tinha alguém me filmando. Não achei ninguém. Esperei alguns instantes na esperança de que ela fosse voltar, ou pelo menos me chamar para acompanhá-la. Nada, absolutamente nada aconteceu. Juntei toda a minha insignificância de cliente “vipado” e fui embora.

Passei todo o fim de semana imaginando o que seria o tal cliente “vipado”. Não contendo minha curiosidade, na segunda-feira, logo cedo fui até a loja do supermercado e entrei direto no clube de fidelidade. Tinha uma atendente sentada. Olhei para ela e proclamei, eu sou um cliente “vipado”! Você poderia me dizer o que isto significa? Caro leitor, vou poupá-lo da resposta. Acredite em mim (ou deveria dizer: believe me?), você não vai gostar de saber!


Paulo Roberto Bornhofen
02/05/2009

20 de fev. de 2009

QUERIA SER A RESPOSTA DO PORQUÊ A SOCIEDADE MATA O QUE CRIA


A frase acima compõe uma das obras da artista e escritora Suzana Sedrez juntamente com uma foto de uma mão fechada com o dedo indicador apontado diretamente para o espectador. Usando de suas habilidades de artista plástica com a de escritora Suzana planta uma provocação na nossa mente.

O “dedo da Suzana” como passei a referir-me à obra me deixou cismado. Fiquei com a pulga atrás da orelha, como dizemos por ai. Quando ele apontou para mim será que queria arrancar de mim a resposta, ou estava me acusando de fazer parte da resposta, já que pertenço a sociedade?

Pensei, pensei e pensei. Nada, a resposta não veio. Voltei a pensar mais um pouco e alguns lampejos esclarecedores começaram a se formar em minha mente. A resposta foi sendo construída e tomou forma: a sociedade mata o que cria para se perpetuar, para se reconstruir, para se renovar. Pronto, fiquei feliz por ter “matado” a charada.

Após este medíocre lampejo de felicidade fui tomado por violenta angustia. Oras, a obra da Suzana, é o “dedo da Suzana”, por que fui eu me arvorar o direito de matá-la? Em uma resposta simplista poderia dizer simplesmente que matei por que ela foi criada. Simples assim. Mas a resposta não me convenceu.

Se a sociedade mata o que cria para se renovar, esta renovação não esta criando uma nova sociedade, ou seja, não está permitindo uma evolução da sociedade. Ainda estamos na mesma etapa evolutiva do pós-macaco. Explico, se a sociedade realmente se renovasse não teria mais a necessidade de matar suas crias. Ou não evoluímos, ou eu não encontrei a resposta, não matei a charada. Se não “matei” a charada, não faço mais parte da sociedade. Em não fazendo parte da sociedade não poderei por ela ser morto. Então minha morte será única e exclusivamente responsabilidade minha.

Pensando bem, como seria se caso o “dedo da Suzana” não fosse o indicador apontando, mas sim o dedo médio apontando para cima, com os demais fechados em punho? Agora a resposta está mais clara!

Paulo Roberto Bornhofen
Escritor e Poeta