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Blog literário criado em 29/08/2008, na cidade de Blumenau-SC.


23 de ago. de 2010

Maracanã, eu fui!


Todos que me conhecem sabem que não tenho a mínima intimidade com o futebol. Não nasci para os esportes. Não tenho time, não vou ao estádio, muito menos perco meu tempo em frente à TV para acompanhar uma partida. Tudo muda, porém, durante a copa. Dou-me o direito de assistir as partidas que o Brasil disputa, apenas estas.

Como certas coisas acontecem sem explicação, estou eu em pleno ano de 1989 no Maracanã assistindo ao jogo entre Brasil e Chile, pelas eliminatórias. O jogo que nunca terminou.

A chegada ao Maracanã já foi um deslumbramento, o movimento de pessoas, de carros, de ônibus, de tudo, era algo inigualável. Nunca tinha visto nada parecido com aquilo em minha querida Florianópolis, ou na minha nova paixão, a loira Blumenau.

Chegamos, entramos no templo do futebol e fomos procurar um lugar. O Maracanã estava lotado, com gente saindo pelo ladrão. Carioca é tudo gente boa, e logo nos arrumaram um lugar.

Pronto, era só esperar o apito inicial.

O jogo começa. A bola rolando e ao meu lado alguém acende um baseado. Não demora muito e me oferecem, recuso. A bola continua rolando e o baseado é substituído por um carreiro de cocaína, magistralmente arrumado em uma cédula. – Vou chamar a polícia. Alias, o policiamento era maciço no estádio. – Tá maluco, adverte meu colega. Vamos morrer aqui, fica quieto e assiste o jogo.

Sim, tinha o jogo. Voltei minha atenção para o campo, mas não por muito tempo. Começa uma briga no alto das arquibancadas. O estádio estava cheio, atulhado, mas eis que se abre uma clareira. Um dos envolvidos na briga desce correndo, se forma um corredor polonês, aonde o miserável vai passando, vai tomando porrada. Lá embaixo é socorrido por uma dupla de policiais e levado para fora. Mais alguns instantes e outra briga começa. Mal posso ver os policiais chegando e um deles leva um tabefe que a sua boina voa longe e cai direto no anel inferior. Não demora muito e os policias saem carregando os briguentos.

Retorno minha atenção para o jogo, afinal, era por ele que eu estava ali. Atrás da trave do Chile sobe um sinalizador. Sobe, sobe e começa a cair, devagarzinho. O povo acompanha. Puf, bateu no chão. O goleirão do Chile olha pra trás, onde havia caído o sinalizador, e se joga sobre o artefato.

Jogo parado. Vem médico, bandeirinha, todo o banco do Chile. Vira uma confusão. Todo o time, ou melhor, seleção do Chile se retira para o vestiário, abandonam o jogo.
O árbitro dá o jogo por encerrado. Fim de minha aventura futebolística. Esta é a minha experiência como torcedor, fui uma única vez ao templo maior do futebol brasileiro, o lugar onde nos idos de 50 o Brasil perdeu a final da copa do mundo. Eu, bem, que posso dizer? O jogo nem terminou.

Estou pensando em assistir alguns jogos na Copa de 2014 – apenas os da seleção brasileira, que fique bem claro – só para ver o que acontece. Alguém me acompanha?

Paulo Roberto Bornhofen