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Blog literário criado em 29/08/2008, na cidade de Blumenau-SC.


5 de set. de 2008

As meninas de saia curta

Sábado, compromisso marcado, aula o dia todo. O módulo era nada mais nada menos que comércio eletrônico. Na cidade mais um Stammitisch rolava solto. Muita comida e bebida deixadas de lado em nome do saber. Confesso que foi uma luta hercúlea até tomar a decisão de ir para a pós-graduação. Lá, no Stammitisch, eu sabia o que iria encontrar. Na sala de aula, por razoes obvias, existia apenas uma expectativa, que eu deixo para os leitores tentarem adivinhar se era boa ou não.
Aula começada sentei no centro do “U”, como sempre faço. Aqui cabe uma explicação, na pós as mesas são organizadas em “U”, talvez para um aluno não sentar na frente do outro, quem sabe é uma tentativa de nivelar a todos, não sei! Mas isto não tem a mínima importância. O que importa é que entraram duas, digamos assim, beldades, para ser um pouco educado. As duas tinham algo mais em comum, além do corpo escultural e os cabelos escuros, lisos e de mesmo comprimento. Era a roupa, iguais, blusa rosa e saia jeans. Formavam uma bela dupla, que pude notar mexeu intensamente com a imaginação fértil do clube masculino. Fato comprovado com as mexidas na cadeira e alguns sorrisos de canto de boca que se manifestaram. Pintou aquela cumplicidade em que não é preciso falar nada, mas todos se entendem.
O acaso de mulheres se vestirem iguais é odiado por elas. Para nós, do clube masculino, é até engraçado, ou melhor, vai alem do engraçado e caminha despudoradamente pela nossa, já citada, imaginação fértil do clube masculino. As blusas até que eram bonitinhas, uma era tomara que caia, mas resistiu bravamente durante todo o dia e não caiu. A outra era de alcinhas, que também não arrebentaram. A mentalidade masculina é de uma fertilidade a toda prova. Acontece que as blusas se tornaram peças de menor importância diante das saias jeans.Que saias! Minha querida esposa que me desculpe, mas um pretenso escritor, quando põem suas idéias no papel tem que ser fiel apenas a sua obra. Esta liberado para ser levemente, um pouco, quase canalha. As saias eram curtíssimas, deixando a mostra dois belos pares de coxas.
Alguns dos representantes do clube masculino, os mais afoitos, ou talvez os mais desesperados, foram mais além do que observar apenas o que as saias permitiam, ou pelo menos tentaram. Para piorar as coisas, talvez na tentativa vã de fugir da situação, uma sentou-se à direita do “U” e a outra à esquerda, ambas voltadas para o centro, onde se encontrava este quase desesperado cronista. A minha frente se encontrava o professor, que não teve a menor chance na disputa pela atenção da turma, pelo menos a do clube masculino. Até o computador se recusou a trabalhar direito. Assim seguiu a aula, até o seu encerramento.
De minha parte, me esforcei para manter ao máximo a linha. Lutei com todas as forças para manter equilibrada a frágil balança masculina, que de um lado sustenta o homem canalha e do outro o homem cavalheiro. Pobre balança. Nada contra o professor, mas era impossível manter o olhar e a atenção nele, quando desviava meu olhar, quer seja para a direita ou para a esquerda, não tinha jeito, lá estavam elas, as pernocas. Fazer o que? Diante de tamanha angustia restou apenas uma certeza, foi umas das melhores aulas de todo o curso. Mas, como tudo o que é bom acaba, as aulas terminaram e as meninas se foram. Eu fiquei com uma certeza, não foi para mim que aquela dupla se arrumou. Mas minha fértil imaginação masculina não deixou de imaginar que bem poderia ser que aquela dupla após a aula fosse se apresentar lá em casa. Coitada da balança masculina, quebrou de vez!

Paulo Roberto Bornhofen
Escritor e Poeta

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